Congresso Brasileiro do Sono

Dados do Trabalho


Título

ASSINCRONIA PACIENTE-VENTILADOR NAS FASES DO SONO DURANTE A VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Introdução

A ventilação não invasiva (VNI) vem sendo progressivamente mais utilizada no tratamento da insuficiência respiratória crônica em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Apesar de estar associada a vários benefícios fisiológicos, seu uso pode ser comprometido por assincronia paciente-ventilador, eventualmente comprometendo sua eficácia durante o uso noturno levando à fragmentação do sono.

Objetivo

Avaliar a assincronia paciente-ventilador nas fases do sono durante o uso da VNI em pacientes com DPOC estável e sua relação com o índice de despertar e com o grau de fuga aérea.

Métodos

Estudo fisiológico, de natureza quantitativa e descritiva em humanos adultos. A pesquisa foi desenvolvida no RespLab da Universidade Federal do Ceará, de outubro de 2017 a maio de 2019. Os pacientes realizaram avaliação clínica e funcional inicial. Em seguida, realizaram a polissonografia com uso da VNI em modo BiPAP, com os parâmetros ventilatórios ajustados individualmente para cada paciente. Utilizou-se o software Sleepware (Philips) para a análise simultânea do estagiamento do sono e das curvas de pressão, volume e fluxo x tempo. As assincronias foram avaliadas manualmente, através das análises das curvas de um intervalo de tempo de 20 minutos para cada fase do sono. Realizou-se o cálculo do índice de assincronia (IA) global durante o sono e nas suas diferentes fases, e sua relação com o índice de despertar e o grau de fuga aérea durante a VNI.

Resultados

Ao final 8 pacientes, mulheres, 69 (51-83) anos foram incluídas no estudo. O IA foi elevado (mediana 17%, 5,58 a 30,92%%) durante o sono. Observou-se correlação entre o IA e o índice de despertar (p=0,029, r=0,714)) assim como do IA por fase de sono x índice de despertar durante a fase de sono superficial, N1 (r= 0,880 p=0,004). Observou-se diferença estatística significante para o índice de assincronia do tipo esforço inefetivo (IEI) entre as fases do sono sendo maior na fase de sono REM (12,45% vs 2,04, 1,41, 3,19, nas fases N1, N2 e N3 (p = 0,024). Não foi observada correlação estatística significante entre o IA e o grau de fuga aérea.

Conclusões

A assincronia paciente-ventilador na VNI em pacientes com DPOC estável foi frequente durante todas as fases do sono. Houve uma associação entre o índice de assincronia e o índice de despertar durante o sono. A assincronia do tipo esforço inefetivo teve maior prevalência em fase profunda do sono REM. O grau de fuga aérea não se relacionou de modo significativo ao IA.

Palavras-chave

VNI, DPOC, sono, assincronia

Área

Área Clínica

Instituições

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Renata dos Santos Vasconcelos, Juliana Arcanjo Lino, Raquel Pinto Sales, Luíza Gabriela de Carvalho Gomes, Liégina Silveira Marinho, Betina Santos Tomaz, Maria da Penha Uchoa Sales, Juliana Carvalho Ferreira, Pedro Felipe Carvalhedo de Bruin, Marcelo Alcantara Holanda